Um Acontecimento Que Entrou Para História.
- MOSTB Editora

- 24 de out.
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Em meio ao esplendor da Capela Sistina, sob o teto monumental de Michelangelo, desenrolou-se na manhã de 23 de outubro de 2025 uma liturgia singular, carregada de simbolismo, emoção e esperança: o Papa Leo XIV presidirá, pela primeira vez em sua trajetória petrina, uma missa conduzida junto a King Charles III um gesto de reconciliação que ecoa cinco séculos de história.
As vestes litúrgicas do Papa — branco imaculado, símbolo da universalidade da Igreja pareciam refletir a luz que entrava pelas janelas altas da capela. O rei, sentado num trono à esquerda do altar, observava com reverência. Não era apenas uma celebração religosa: era o restauro de um laço rompido desde a Reforma Anglicana, iniciado por Henry VIII em 1534.
No silêncio contemplativo que se seguiu aos cantos gregorianos e aos hinos em inglês, o Papa elevou suas mãos aos céus. Suas palavras, embora proferidas em tom sereno, reverberavam como trovões de misericórdia: “Nós viemos aqui não para dividir, mas para unir. Para erguer as mãos em prece por este mundo ferido, por estas criaturas amadas de Deus.”
O rei, por sua vez, inclinou a cabeça, visivelmente comovido, ao som da oração em latim e em inglês que ecoava pelas paredes sagradas.
Este evento histórico a primeira vez em mais de 500 anos que um Papa e um monarca britânico oram juntos em público não se resume a uma solenidade diplomática. É um gesto de esperança, uma ponte erguida sobre as águas agitadas da história, da reforma, da separação e da dor.
Entre os presentes, estavam clérigos anglicanos e católicos juntos, em louvor e prece como se para dizer à humanidade: “Podemos estar separados por ritos ou tradições, mas somos um em Cristo.”
O Papa, olhando para o rei, disse no final da missa: “Que este ato seja semente de paz, que floresça na justiça, na caridade, na fraternidade.” E assim, naquela manhã, a Capela Sistina tornou-se palco não de separações, mas de reencontros.
Por trás das vestes pontificais e dos símbolos reais, houve o humano: o gesto de um sorriso contido, a lágrima silenciosa de quem reconhece uma ferida longa, a respiração ofegante de quem sente que algo novo está nascendo.
O Papa tocou um pequeno objeto entregue pelo rei um presente simbólico e murmurou: “Na fragilidade deste mundo, sejamos fiéis à nossa missão de misericórdia.”
E o rei, ao se levantar para a bênção final, demonstrou humildade: “Com gratidão pelo dom da fé, pela esperança renovada, peço ao Senhor que nos torne instrumentos da Sua paz.”
Ao deixar a capela, os protagonistas desse momento histórico sabiam que não havia revertido milagrosamente todos os desacordos, as feridas, os séculos de separados. Mas sabiam também que um caminho começava a se abrir e que o primeiro passo, muitas vezes, é o mais corajoso.
O Papa Leo XIV e o King Charles III saudaram juntos, lado a lado, aquele momento não como o fim, mas como o início de algo maior.
“Ut unum sint” – "Que todos sejam um". Essas palavras, gravadas em latim num dos bancos reservados para a família real britânica, permanecerão como testemunho vivo de um dia em que a fé uniu o que há muito estava separado.
Texto: mostb.com



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