Queimadas e desmatamento na Amazônia: a falsa sensação de progresso
- MOSTB Editora
- 18 de jul.
- 2 min de leitura
A Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou recentemente que a situação da Floresta Amazônica está sob controle e que o bioma passa por um processo de recuperação. Segundo ela, os índices de desmatamento apresentaram queda. No entanto, a ministra não mencionou o expressivo aumento de mais de 800% nas queimadas. A retórica adotada também reacende críticas à prática recorrente de atribuir à gestão anterior a responsabilidade por problemas persistentes, o que gera desconfiança sobre a transparência dos dados divulgados.
Entenda... Nos últimos três anos, os números apontam uma queda no desmatamento da Amazônia. Porém, quando olhamos de forma mais ampla e honesta, a realidade se impõe: o desmatamento pode até ter diminuído nos relatórios, mas a floresta continua sendo devastada — agora com fogo.

É óbvio: se o desmatamento caiu, mas as queimadas aumentaram assustadoramente, algo está errado.
O que temos visto é uma mudança de método. Sai o corte raso, que aparece com facilidade nas imagens de satélite, e entra a queimada intencional silenciosa, menos visível, mas tão destrutiva quanto. Isso gera uma falsa impressão de preservação.
Queimadas e degradação — um alerta urgente
Apesar da queda no desmatamento:
• Aumentaram os incêndios em 2024 em até 846%, com 140.328 focos detectados — o maior número em 17 anos.
• A degradação florestal cresceu 497%, com mais de 36 mil km² afetados por queimadas e escarificação, segundo o Imazon — um recorde dos últimos 15 anos.
• A floresta não amanheceu ilesa: embora menos árvores tenham sido derrubadas integralmente, o fogo e a seca extrema fragilizam ecossistemas inteiros e aceleram o colapso ambiental.
Causas e fragilidades
• Secas históricas, intensificadas pelo El Niño e pelas mudanças climáticas, tornaram regiões antes úmidas em terrenos inflamáveis.
• Grileiros e invasores têm se aproveitado da crise climática, usando queimadas como método de destruição e ocupação territorial.
• Segundo o Instituto Centro de Vida (ICV), 91% do desmatamento entre agosto de 2023 e julho de 2024 foi ilegal — ou seja, o problema continua, só muda de rosto.
Não é progresso se a floresta está pegando fogo
Queimar para esconder o desmatamento é uma tática antiga, mas agora virou estratégia política. É como maquiar uma ferida aberta: pode parecer melhor aos olhos dos números, mas a floresta continua sangrando.
Desmatamento invisível é tão cruel quanto o visível. Queimada é destruição. O silêncio das árvores queimadas também é um grito.
Texto: mostb.com
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