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O jogo do poder: a velha engrenagem que insiste em girar

O jogo pelo poder é tão antigo quanto a própria humanidade. E, no Brasil, ele parece ter se sofisticado a ponto de transformar a corrupção em parte de uma rotina nacional. Quanto mais se desvendam as teias que sustentam os escândalos atuais, mais evidente se torna que a falta de ética, moral e valores está enraizada, infelizmente, no DNA de parte da nossa sociedade.


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Se o general João Figueiredo, último presidente militar, pudesse “dar uma espiadinha” no que acontece hoje, estremeceria da cabeça aos pés, a vergonha de uma forças armadas corrupta e sem valor moral.


Mas comecemos pela Constituição. É revoltante observar que aqueles que deveriam ser os guardiões das leis ministros da mais alta corte do país parecem distorcer o texto constitucional e, ainda assim, declarar publicamente: “Fizemos o que precisava ser feito”, como disse o ministro Barroso. Mas, afinal, prender inocentes é o que precisava ser feito? Dizer “perdeu, mané” a um cidadão? Proclamar a derrota do “bolsonarismo” e, logo em seguida, defender que juízes e militares não devem ter viés político? É impossível não perceber a contradição. O brasileiro pode ser paciente, mas não é ingênuo a ponto de confundir o certo e o errado. O que vivemos é, claramente, uma inversão de valores.


E agora, a CPI do INSS promete revelar um dos maiores escândalos de corrupção da história do país. Um homem apelidado de “Senhor Ostentação”, tratado como “Papi” por um laranja, exibe uma vida de luxo nas redes sociais: carros de alto padrão, viagens, mansões. Casado, pai de família, costuma dizer que veio de origem humilde e que seus pais lhe ensinaram valores rígidos. Onde esses valores ficaram? Perderam-se entre o brilho do ouro e o vazio da vaidade?


Nas postagens nas redes socias, a família aparece frequentando a igreja aos domingos, reuniões de família e muita ostentação em viagens de luxo e até eventos supostamente de caridade , resta a dúvida diante essas imagens: será fé ou teatro? Uma tentativa de justificar moralmente o inexplicável?


O terreno ao lado: o silêncio que fala mais alto que as paredes de luxo

A família de NW é moradora na zona nobre de São Paulo, onde ergueu-se uma das propriedades mais comentadas dos últimos meses, a mansão do advogado e empresário Nelson Wilians, figura influente no meio jurídico e dono de um dos maiores escritórios de advocacia da América Latina, agora dado como " escritório de fake" . À primeira vista, tudo parece impecável: fachada moderna, jardins milimetricamente aparados, segurança reforçada e carros de luxo estacionados sob uma arquitetura que transpira poder.


Mas o que não aparece nos stories, nem nas manchetes oficiais, é justamente o que mais intriga investigadores e observadores atentos: o terreno ao lado. O lote, que supostamente teria sido adquirido pelo próprio Nelson Wilians, nunca foi transferido oficialmente para o seu nome. Nenhum registro formal, nenhuma escritura em cartório. Apenas um “vazio documental” cercado de segredos. E é justamente esse vazio que grita.


O que se esconde sob aquele jardim impecável? Por que um imóvel contíguo à sua residência, avaliado em milhões de reais, segue sem registro formal? O que justificaria tamanho descuido para um homem que domina o universo jurídico como poucos? Haveria ali um bunker onde segredos e milhões são guardados? Eu diria que nos tempos atuais todo hipótese deveria ser investigada.


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Fontes próximas ao caso, sob anonimato, levantam hipóteses: o terreno poderia ter sido usado para blindagem patrimonial, ocultação de bens ou guarda de ativos de alto valor. Mas será que alguém já pensou que sob o gramado, digno de revista de arquitetura, pode haver mais do que raízes, talvez provas, cofres, obras de arte, ou segredos políticos?


A verdade é que, enquanto o país assiste estarrecido aos desdobramentos da CPI do INSS e às investigações sobre supostos esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro, a residência de Nelson Wilians tornou-se símbolo de um Brasil dividido entre ostentação e silêncio.


O silêncio, aliás, fala mais alto do que qualquer pronunciamento oficial.

Em um país onde documentos somem, investigações se arrastam e o poder se esconde atrás de janelas espelhadas, cada metro quadrado sem registro é uma metáfora da impunidade.


Se há algo enterrado naquele terreno, não é apenas concreto é a confiança do povo em suas instituições.

O Brasil precisa aprender que luxo sem transparência é apenas disfarce, e que os maiores segredos não se escondem em cofres, mas em escrituras que nunca existiram.


O rombo no INSS é um retrato cruel da corrupção, da ganância e do desprezo pelos mais necessitados — justamente os que mais dependem desse sistema. Parte dos bens do senhor “NW” foi apreendida, mas a investigação ainda tenta entender por que um terreno ao lado de sua casa não teve transferência legal. Estaria algo valioso escondido sob aquele jardim?


Pessoas do governo Lula e as articulações com o casal Wllians que passaram desapercebido... Pouco aparece mas ele é um dos braços direito de Lula Marcos Antonio Amaro dos Santos, ex-general do Exército e que foi recebido na residência de NW em 2019. Sem contar o currículo corrido ao lado do PT desde o mandato de Lula, passando por Dilma e retornando ao lado de Lula no momento.


Mas vamos mais a fundo nesse imenso jogo de xadrez que poucos jogam mas centenas e milhares pagam a conta.


A Ausência da ética que avassala o INSS e a credibilidade da nação

O jogo do poder não é invenção moderna. Ele molda sociedades desde que o homem se organizou em tribos, reinos e Estados. Mas no caso brasileiro contemporâneo, essa disputa ganhou aspectos sombrios e corrosivos — e o “jogo” se instalou nas engrenagens do próprio Estado, transformando a máquina pública num palco de vinganças, impunidade e degradação institucional. O escândalo que afeta o INSS — o popularmente chamado “Farra do INSS” — é talvez o retrato mais sombrio dessa crise moral.

Para quem ainda duvida da gravidade, aqui vão alguns números e fatos recentes:

  • O esquema investigado envolveu descontos indevidos nos benefícios de aposentados e pensionistas, supostamente feitos por entidades associativas sem autorização, com uso de “laranjas” e assinaturas forjadas. Estima-se um prejuízo de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2025.

  • A Operação Sem Desconto, deflagrada em 23 de abril de 2025, cumpriu 211 mandados em 13 estados e no Distrito Federal, além de prisões temporárias, bloqueios de bens e apreensões de veículos, joias e documentos.

    Em junho de 2025, a Justiça decretou bloqueios de R$ 2,8 bilhões de bens e ativos financeiros de pessoas, empresas e associações suspeitas de participação no esquema.

  • Foram condenadas fraudes envolvendo benefícios pagos a “mortos e fantasmas”: em um caso no Nordeste, o INSS fez pagamentos de R$ 2,3 milhões para beneficiários inexistentes. O Tribunal de Contas da União (TCU) declarou as contas dos envolvidos como irregulares e determinou devolução dos valores.

  • O “Careca do INSS”, figura central na investigação, teve seu sigilo bancário, fiscal e telefônico quebrado pela CPMI em 11 de setembro de 2025, e foi alvo de prisões com apreensões de veículos de luxo (Ferrari, McLaren, etc.).

  • Ressarcimentos começaram: aposentados e pensionistas lesados por descontos indevidos poderão começar a receber valores a partir de 24 de outubro de 2025, mediante adesão ao acordo.

  • Segundo o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, mais de R$ 1 bilhão já foram devolvidos às vítimas, e há mais de R$ 2 bilhões ainda a serem ressarcidos.

  • O presidente Lula, por sua vez, teria orientado que o governo “fosse até as últimas consequências” nas investigações da fraude no INSS.

  • Também chama atenção que o ministro-chefe da AGU, Jorge Messias, afirmou que os descontos ilegais se iniciaram entre 2019 e 2022, e que este governo (do qual ele faz parte) “estancou” o esquema.

São dados impressionantes — e aterradores — que reverberam alto no tecido institucional do país.


O cerne da contradição: discursos, omissões e apostas

É curioso observar como o poder estabelece seus jogos paralelos não apenas no roubo de recursos, mas no controle da narrativa e do tempo. Alguns aspectos merecem especial atenção crítica:

  1. A dualidade das falas. De m lado, ministros e autoridades dizem agir como “salvadores da moral pública”; do outro, não se envergonham de declarações que soam como insolência contra a inteligência popular: “Prendemos quem tinha de ser preso”, “fizemos o que devia ser feito”. É o “bispo que perdoa pecadores” que pede aplausos ao julgar alheios, enquanto os seus maus atos ficam em branco.

  2. A atribuição seletiva de culpa. No discurso oficial, o INSS e o governo “herdaram” um problema antigo. Mas há omissões graves: por que, sabendo de indícios, não foram tomadas medidas preventivas antes? Por que as entidades que foram alvo de alertas continuaram a operar? Por que tantos funcionários tiveram acesso irrestrito a sistemas sensíveis, possibilitando manipulações em série? Essas falhas não são meros detalhes — são buracos de controle que permitiram o “golpe dos aposentados”.

  3. As operações midiáticas de “reparação”. Anunciar crédito extraordinário para ressarcimento, divulgar devoluções em bilhões, depois emergir como “corretor de erros”: tudo isso compõe uma tática de imagem, uma espécie de maquiagem institucional. O que não se pode maquiar é o sofrimento individual — cada cidadão que perdeu centavos ou teve sua dignidade violada.

  4. A simbologia da impunidade tolerada. Quando figuras centrais como o “Careca do INSS” operam com tamanha liberdade, mesmo sob investigação, isso revela uma lógica de impunidade tolerada. E quando se fala em “colocar a culpa nos antecessores”, “herança de falhas” ou “problemas estruturais”, o que se faz é camuflar a presença ativa de agentes corruptos.

  5. O momento profético de perdas e saídas. O anúncio de aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso do STF no início de outubro de 2025 é oportuno: ele afirmou que “não tem qualquer apego ao poder” e que eleger uma mulher para sua sucessão seria algo que veria “com gosto”.  É um gesto simbólico — mas não basta. O STF, que deveria ser escudo constitucional, também está sob risco de manipulações simbólicas.


O Brasil mergulhou em uma bagunça institucional que parece não ter fim. As Forças Armadas, outrora vistas como guardiãs da soberania e da ordem, também são acusadas de conivência e omissão. Se a cúpula militar realmente foi “comprada”, como muitos acreditam, talvez o único caminho para resgatar a credibilidade fosse expor, com transparência e coragem, os próprios atos de corrupção dentro das fileiras. A vergonha pública poderia abrir espaço para uma nova geração, livre da contaminação ideológica e moral que domina o país.


Trazer os militares de volta ao lado do povo, no entanto, exigiria algo raro nos dias de hoje: coragem e união. Só assim, talvez, fosse possível interromper o ciclo de impunidade e reconstruir as bases éticas de uma nação que insiste em tropeçar nos mesmos erros.


Texto: mostb. com

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