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"Lula Repete Estratégia do Passado e Implementa Propostas do Plano Bolsonaro"

A história política brasileira revela padrões que, vez ou outra, retornam ao centro do palco com novos nomes, mas velhas estratégias. Um exemplo emblemático é a conduta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, mais uma vez, retoma ideias e propostas originadas em governos anteriores como se fossem inéditas.





Essa postura não é nova. Em seu primeiro mandato, iniciado em 2003, Lula assumiu o governo após Fernando Henrique Cardoso e, apesar das críticas à gestão anterior, aproveitou grande parte da base estrutural e dos planos já formulados no governo FHC, especialmente nas áreas econômica, social e institucional. O Bolsa Família, por exemplo, é a unificação e ampliação de programas como o Bolsa Escola e o Bolsa Alimentação — criados na administração tucana. O mesmo ocorreu com diversas políticas de controle fiscal, metas de inflação e até o modelo de concessão à iniciativa privada, que Lula inicialmente criticava.


À época, quando as propostas herdadas se esgotaram, o governo petista demonstrou dificuldade em apresentar novas soluções estruturais, e recorreu a projetos de alto custo e baixa sustentabilidade, como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que acumulou atrasos e revisões.


Agora, em seu terceiro mandato, Lula parece repetir o mesmo movimento político — desta vez, executando ideias que constavam no plano de governo de Jair Bolsonaro (2018), muitas das quais não saíram do papel no governo anterior por motivos diversos: entraves legislativos, crise sanitária ou falta de articulação política.


Entre essas propostas que Lula agora coloca em prática, destacam-se:

  • A CNH gratuita para pessoas de baixa renda, antes defendida no PL 3.267/2019, vinculado ao governo Bolsonaro;

  • O uso de serviços prestados ao SUS como forma de compensação de dívidas tributárias de hospitais — proposta que esteve presente em discursos e planos do ex-ministro da Saúde, mas que agora ganhou corpo no programa “Agora Tem Especialistas”;

  • A digitalização do prontuário eletrônico nacional, idealizada ainda em 2019 como forma de integrar o SUS, mas efetivada a partir de 2023 com o projeto Meu SUS Digital.


Essa prática, embora politicamente comum, revela uma contradição: o governo atual, que constrói sua narrativa em oposição direta ao anterior, implementa ações que anteriormente criticava — e agora rebatiza como solução inovadora.

Mais do que uma coincidência, esse comportamento reforça a percepção de que há uma continuidade prática entre gestões ideologicamente opostas, especialmente quando os projetos atendem demandas populares e possuem viabilidade técnica já amadurecida.


Trechos originais do plano de governo de Jair Bolsonaro (2018)

  • Saúde – parceria pública-privada e prontuário eletrônico

    “Prometemos unificar o prontuário dos pacientes de maneira nacional … e realizar um credenciamento universal dos médicos, permitindo compartilhar esforços da área pública com o setor privado.” pleno.news

  • Trânsito – Programa CNH SocialO substitutivo ao PL 3.267/2019 (encaminhado pelo Palácio do Planalto) introduziu a “criação do Programa CNH Social, financiado pelo Funset, para custear a habilitação de pessoas de baixa renda”. uol.com.br

Propostas do plano Bolsonaro que não saíram do papel em 2019-2022, por falta de apoio no congresso mas que ganharam corpo no governo Lula (2023-2025)

Tema

Proposta no plano Bolsonaro

Execução no governo Bolsonaro

Medida já implementada por Lula

Fontes

1. CNH gratuita p/ baixa renda

Incluir a CNH Social no CTB e bancá-la com o Funset.

PL 3.267/19 foi aprovado, mas artigo sobre CNH Social sofreu entraves e nunca foi regulamentado.

Lei sancionada em 27 jun 2025: multas de trânsito podem financiar CNH gratuita a inscritos no CadÚnico.

2. Troca de dívidas de hospitais por serviços ao SUS

“Compartilhar esforços da área pública e privada” (credenciamento universal de médicos e hospitais).

Ficou na promessa; não houve norma nacional que permitisse abater débitos fiscais com atendimento ao SUS.

MP Agora Tem Especialistas (30 mai 2025) credencia clínicas e permite que hospitais privados/filantrópicos quitem até 50 % da dívida com a União prestando consultas, exames e cirurgias ao SUS.

3. Prontuário Eletrônico Nacional

Implantar um Prontuário Eletrônico Nacional Interligado para reduzir custos e melhorar a gestão.

Não saiu da fase de projeto-piloto.

Estratégia Meu SUS Digital / SUS Digital (2023-2024) unificou o prontuário, integra 1,8 bi de registros e libera acesso em qualquer ponto de atendimento.

Outras promessas do plano Bolsonaro que Lula retomou ou adaptou

Proposta (2018)

Situação atual (Lula)

Observação

Ampliação do uso de telessaúde (parte do prontuário unificado)

24 núcleos adicionais de telessaúde criados; 7 000 kits previstos no PAC-Saúde. agenciabrasil.ebc.com.br

Integra o SUS Digital.

Compra de exames e cirurgias à rede privada para diminuir filas

Editais abertos em 2024-25 para mutirões de oncologia, oftalmologia, ortopedia, etc., dentro do Agora Tem Especialistas. otempo.com.br

Usa a mesma lógica de “compra de serviço” prevista no plano de 2018.

Por que elas avançaram agora?

  1. Base legal aprovada pelo Congresso em 2023-25 (ex.: lei da CNH Social e MP do SUS).

  2. Rearranjo fiscal que permitiu usar multas de trânsito e créditos tributários para financiar políticas sociais.

  3. Prioridade política: o governo Lula retomou propostas populares que tinham consenso técnico, mesmo que originadas na gestão anterior.


A prova que nada se cria, e tudo se copia quando não há conhecimento e até mesmo competência.


Texto: mostb.com


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