28 Milhões Em Um Apto.
- MOSTB Editora

- 24 de out.
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Em sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do INSS (CPMI – INSS), realizada em 23 de outubro de 2025, a depoente Thaisa Hoffmann Jonasson, esposa do ex-procurador-geral do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Virgílio Filho, optou por permanecer em silêncio diante dos questionamentos acerca da aquisição de um imóvel de alto padrão. 

O que foi questionado?
Durante o depoimento, o relator da comissão, Alfredo Gaspar, fez perguntas diretas sobre a origem dos recursos que permitiram a reserva de um apartamento avaliado em R$ 28 milhões no empreendimento Senna Tower, em Balneário Camboriú (SC).
“…a senhora poderia me dizer como é que servidores do INSS, no caso o seu esposo e a senhora, arrumaram R$ 28 milhões para comprar esse apartamento?”
“Se eu dissesse à senhora que estou desconfiado que esses R$ 28 milhões vieram dos sofridos aposentados e pensionistas… eu estou errado?”
Em face dos questionamentos, Thaisa usou a prerrogativa de permanecer em silêncio, conforme orientação da sua defesa técnica.
O silêncio, neste contexto, assume diferentes leituras:
• Como direito legal de não se auto-incriminar ou de aguardar investigação mais aprofundada.
• Como reforço simbólico das suspeitas, na medida em que deixa lacunas em um cenário já marcado por indícios de enriquecimento patrimonial.
• Como desafio para a transparência exigida em casos que envolvem o erário, benefícios sociais e confiança pública.
Por que o valor de R$ 28 milhões chama atenção?
Alguns fatos de contexto ajudam a entender o impacto desse valor:
• O imóvel supostamente reservado seria a unidade “7001” do Senna Tower, empreendimento de altíssimo luxo.
• A construção do edifício, segundo incorporadores, engloba unidades que partem de cerca de R$ 28 milhões até valores muito mais elevados, o que o coloca entre os mais caros do país. 
• Relatórios da Controladoria‑Geral da União (CGU) apontaram que Virgílio Filho apresentou acréscimo patrimonial da ordem de R$ 18 milhões no período em que ocupou cargo relevante no INSS. 
Este caso ilustra aspectos que afetam mais do que apenas o andamento da comissão:
• A credibilidade das instituições públicas: quando servidores ou seus familiares concentram patrimônios elevados em curto espaço de tempo, há necessidade de explicações.
• O direito dos aposentados e pensionistas: as suspeitas remetem à hipótese de que recursos públicos ou facilidades que deveriam beneficiar segurados possam estar sendo redirecionados.
• A importância da transparência: o silêncio, embora legítimo, também abre espaço para a dúvida, o que reforça a demanda por investigação rigorosa.
O depoimento marcado pelo silêncio de Thaisa Hoffmann Jonasson representa um momento significativo na CPMI do INSS. Se por um lado há o exercício de um direito constitucional, por outro, esse silêncio ecoa como uma lacuna na prestação de contas perante o público sobre origem, magnitude e legalidade dos valores envolvidos. À medida que a comissão avança, será essencial que esses elos — entre cargos públicos, patrimônio privado e recursos previdenciários — sejam esclarecidos integralmente.
Texto: mostb.com
Fonte: TV Senado.



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