Recentemente, a jornalista Miriam Leitão afirmou que “a ceia de Natal está mais cara, mas os presentes tradicionais estão mais baratos.” Essa análise, parece ignorar o dia a dia de milhões de brasileiros que enfrentam dificuldades para garantir o básico, quanto mais pensar em presentes.
O que exatamente seriam esses “presentes tradicionais”? Uma lembrança simbólica para uma criança? Uma roupa nova, como manda a tradição em muitas famílias? Ou talvez brinquedos e itens que, mesmo em épocas de crise, ajudam a manter o espírito natalino vivo? A verdade é que, enquanto a inflação atinge alimentos essenciais como carnes, aves e itens de confeitaria, muitos brasileiros sequer conseguem planejar uma ceia completa, quanto mais comprar algo para colocar debaixo da árvore.
É preciso questionar o tipo de narrativa que tenta “compensar” os impactos econômicos em áreas essenciais com possíveis quedas em itens supérfluos. A ceia é um símbolo forte do Natal, um momento de união e celebração. Para grande parte da população, vê-la encarecer significa mais do que números; significa frustração, insegurança alimentar e uma constante luta para manter tradições que são parte do tecido social do país.
Mais uma vez, o discurso de parte da mídia parece distante da realidade do brasileiro comum. Não adianta falar em “presente mais barato” quando, no final das contas, o que pesa no bolso é o arroz, o feijão e, nesta época, o peru de Natal. É hora de trazer análises econômicas que reflitam a vida real e não apenas há uma tentativa de dourar a pílula para qualquer governo em exercício.
Texto: mostb.com
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