Jogo do Tigrinho, Bets e a Mega Hipocrisia do Governo.
- MOSTB Editora
- 1 de jun.
- 3 min de leitura
Jogo do Tigrinho, Bets e a Mega Hipocrisia do Governo.
Se o problema são os jogos de azar, por que as loterias da Caixa continuam firmes, mesmo com lucros bilionários para o Estado e migalhas para os apostadores?

Enquanto o governo brasileiro mira as plataformas de apostas online — conhecidas como "bets", como o polêmico Jogo do Tigrinho sob o pretexto de proteger a população e evitar o vício, esquece-se de olhar para o próprio espelho. Afinal, se a preocupação fosse genuína com a saúde mental e financeira dos brasileiros, as loterias da Caixa Econômica Federal também estariam na mira da fiscalização e proibição. Mas não estão. Pelo contrário, continuam funcionando a todo vapor.
Os números revelam o tamanho da contradição: das apostas feitas nas loterias oficiais, apenas cerca de 43% são destinadas ao pagamento dos prêmios. O restante 57% da arrecadação é dividido entre comissões, custos operacionais e, principalmente, repasse ao governo federal via programas como FIES, esporte, cultura e segurança pública. Em 2024, a Mega da Virada arrecadou mais de R$ 2,49 bilhões, mas quase R$ 1,4 bilhão não retornou aos apostadores.
Além disso, centenas de milhões de reais em prêmios vencem todos os anos e são automaticamente embolsados pelo governo. Em 2024, foram mais de R$ 252 milhões esquecidos, que foram parar nos cofres públicos — sem que o Estado faça qualquer esforço sério de devolução.
Enquanto isso, as plataformas digitais que muitas vezes oferecem odds (probabilidades) mais justas, pagam prêmios quase que instantaneamente e não escondem os riscos do jogo são demonizadas. O motivo parece menos moral e mais financeiro: as bets retiram do governo o monopólio de lucrar com a esperança do povo.
Entenda... Embora as loterias da Caixa Econômica Federal (CEF) tenham registrado um crescimento na arrecadação em 2024, atingindo R$ 25,9 bilhões um aumento de 10,6% em relação a 2023 , é importante considerar o impacto das apostas online no cenário atual. Segundo estimativas do Banco Central, os brasileiros destinaram entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões por mês a apostas online nos primeiros meses de 2025 . Esse volume significativo de recursos movimentados pelas plataformas digitais pode influenciar o comportamento dos apostadores e, consequentemente, afetar a participação nas loterias tradicionais.
Embora não haja dados específicos que quantifiquem uma perda direta de arrecadação das loterias da CEF devido ao crescimento das apostas online, a concorrência entre essas modalidades de jogo é evidente. As plataformas digitais oferecem conveniência e acessibilidade, o que pode atrair uma parcela dos apostadores que anteriormente participavam das loterias tradicionais.
Além disso, é relevante destacar e já mencionado neste texto que, nas loterias da CEF, apenas cerca de 43% da arrecadação é destinada ao pagamento de prêmios, enquanto o restante é alocado para programas sociais e outras despesas . Em contraste, as plataformas de apostas online frequentemente retornam uma porcentagem maior dos valores apostados aos jogadores, o que pode tornar essas opções mais atraentes para o público.
Diante desse cenário, é fundamental que o governo considere estratégias para equilibrar a regulamentação e a competitividade entre as diferentes modalidades de jogos de azar, garantindo tanto a proteção dos consumidores quanto a sustentabilidade das receitas provenientes das loterias oficiais.
A questão é direta: se o governo realmente se preocupa com os danos sociais dos jogos de azar, que tenha coragem de suspender também as suas próprias loterias. Caso contrário, a repressão às apostas digitais se mostra apenas como uma disputa de mercado disfarçada de preocupação ética. Porque, no fim das contas, o vício que o governo mais teme é o de perder receita.
Texto: mostb.com
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