"Lula Repete Estratégia do Passado e Implementa Propostas do Plano Bolsonaro"
- MOSTB Editora

- 28 de jun.
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A história política brasileira revela padrões que, vez ou outra, retornam ao centro do palco com novos nomes, mas velhas estratégias. Um exemplo emblemático é a conduta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, mais uma vez, retoma ideias e propostas originadas em governos anteriores como se fossem inéditas.

Essa postura não é nova. Em seu primeiro mandato, iniciado em 2003, Lula assumiu o governo após Fernando Henrique Cardoso e, apesar das críticas à gestão anterior, aproveitou grande parte da base estrutural e dos planos já formulados no governo FHC, especialmente nas áreas econômica, social e institucional. O Bolsa Família, por exemplo, é a unificação e ampliação de programas como o Bolsa Escola e o Bolsa Alimentação — criados na administração tucana. O mesmo ocorreu com diversas políticas de controle fiscal, metas de inflação e até o modelo de concessão à iniciativa privada, que Lula inicialmente criticava.
À época, quando as propostas herdadas se esgotaram, o governo petista demonstrou dificuldade em apresentar novas soluções estruturais, e recorreu a projetos de alto custo e baixa sustentabilidade, como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que acumulou atrasos e revisões.
Agora, em seu terceiro mandato, Lula parece repetir o mesmo movimento político — desta vez, executando ideias que constavam no plano de governo de Jair Bolsonaro (2018), muitas das quais não saíram do papel no governo anterior por motivos diversos: entraves legislativos, crise sanitária ou falta de articulação política.
Entre essas propostas que Lula agora coloca em prática, destacam-se:
A CNH gratuita para pessoas de baixa renda, antes defendida no PL 3.267/2019, vinculado ao governo Bolsonaro;
O uso de serviços prestados ao SUS como forma de compensação de dívidas tributárias de hospitais — proposta que esteve presente em discursos e planos do ex-ministro da Saúde, mas que agora ganhou corpo no programa “Agora Tem Especialistas”;
A digitalização do prontuário eletrônico nacional, idealizada ainda em 2019 como forma de integrar o SUS, mas efetivada a partir de 2023 com o projeto Meu SUS Digital.
Essa prática, embora politicamente comum, revela uma contradição: o governo atual, que constrói sua narrativa em oposição direta ao anterior, implementa ações que anteriormente criticava — e agora rebatiza como solução inovadora.
Mais do que uma coincidência, esse comportamento reforça a percepção de que há uma continuidade prática entre gestões ideologicamente opostas, especialmente quando os projetos atendem demandas populares e possuem viabilidade técnica já amadurecida.
Trechos originais do plano de governo de Jair Bolsonaro (2018)
Saúde – parceria pública-privada e prontuário eletrônico
“Prometemos unificar o prontuário dos pacientes de maneira nacional … e realizar um credenciamento universal dos médicos, permitindo compartilhar esforços da área pública com o setor privado.” pleno.news
Trânsito – Programa CNH SocialO substitutivo ao PL 3.267/2019 (encaminhado pelo Palácio do Planalto) introduziu a “criação do Programa CNH Social, financiado pelo Funset, para custear a habilitação de pessoas de baixa renda”. uol.com.br
Propostas do plano Bolsonaro que não saíram do papel em 2019-2022, por falta de apoio no congresso mas que ganharam corpo no governo Lula (2023-2025)
Outras promessas do plano Bolsonaro que Lula retomou ou adaptou
Por que elas avançaram agora?
Base legal aprovada pelo Congresso em 2023-25 (ex.: lei da CNH Social e MP do SUS).
Rearranjo fiscal que permitiu usar multas de trânsito e créditos tributários para financiar políticas sociais.
Prioridade política: o governo Lula retomou propostas populares que tinham consenso técnico, mesmo que originadas na gestão anterior.
A prova que nada se cria, e tudo se copia quando não há conhecimento e até mesmo competência.
Texto: mostb.com



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