Governo Eleva IOF e Penaliza a População: Mais Impostos, Menos Transparência.
- MOSTB Editora
- 26 de mai.
- 4 min de leitura
IOF na Calada da Noite: Governo Penaliza Saúde, Estética, Agro, Alimentação e Mercado Imobiliário com Novo Decreto
Decreto aumenta impostos sobre crédito, consumo, remessas e investimentos, afetando diretamente a população e os setores produtivos mais estratégicos da economia.
Por Redação MOSTB | Opinião

Na noite da última quinta-feira, 22 de maio de 2025, o governo federal surpreendeu o país com a publicação de um decreto que aumenta significativamente as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), sem qualquer debate prévio com a sociedade ou o Congresso Nacional. A medida, que deve arrecadar R$ 20,5 bilhões ainda este ano e R$ 41 bilhões em 2026, atinge diretamente setores essenciais como saúde, estética, agronegócio, alimentação, consumo e mercado imobiliário, penalizando especialmente a classe média, o pequeno empreendedor e o consumidor final.
Principais mudanças no IOF
Cartões de crédito/débito internacionais: de 3,38% para 3,5%;
Compra de moeda estrangeira e remessas: de 1,1% para 3,5%;
Crédito para empresas: de 1,88% para 3,95% ao ano;
Investimentos em previdência privada (VGBL): 5% para valores acima de R$ 50 mil mensais.
A única exceção foi a manutenção da alíquota zero para fundos nacionais que investem no exterior — uma clara tentativa de acalmar o mercado financeiro, enquanto os setores produtivos e sociais são ignorados.
Governo escolhe o atalho: aumento de imposto sem cortar gastos
A decisão de elevar o IOF expõe uma escolha política clara: aumentar a arrecadação sem enfrentar os verdadeiros gargalos fiscais do país. Em vez de revisar os gastos públicos, cortar privilégios e promover reformas estruturantes, opta-se por onerar quem trabalha, empreende e consome.
O momento agrava ainda mais a crise de confiança. A taxa Selic em 14,75% ao ano já encarece o crédito. Com o novo IOF, o custo de vida e de produção sobe ainda mais, enquanto a economia perde fôlego.
Saúde e estética: alta de insumos importados atinge clínicas e pacientes
Mais de 80% dos equipamentos hospitalares e estéticos utilizados no Brasil são importados.
Itens como tomógrafos, ressonâncias, marcapassos, bioestimuladores, toxina botulínica e peelings avançados estão sujeitos ao novo IOF.
Pequenos consultórios e clínicas de estética não conseguem negociar grandes lotes, tornando os procedimentos mais caros ou inviáveis.
Pacientes e clientes arcam com o repasse dos custos — ou simplesmente deixam de acessar esses serviços, comprometendo saúde e autoestima.
Agronegócio: produção penalizada e alimentos mais caros
O setor agropecuário, responsável por cerca de 25% do PIB brasileiro, é outro duramente atingido:
A produção nacional depende de fertilizantes, defensivos, máquinas e sementes importadas;
O novo IOF eleva os custos de importação e encarece os financiamentos rurais;
O resultado? Aumento no custo de produção, queda da competitividade internacional e alta nos preços dos alimentos básicos.
Setor de alimentação: do campo à mesa, o brasileiro paga mais
A medida afeta toda a cadeia alimentar:
Trigo, milho, soja, enzimas, conservantes e ingredientes funcionais usados em panificação, laticínios e ultraprocessados encarecem com a alta do dólar e do IOF;
Pequenos negócios como padarias, mercearias e restaurantes enfrentam reajustes semanais de fornecedores;
Para o consumidor final, isso significa um só caminho: inflação alimentar. Segundo o IBGE, até abril de 2025, a inflação dos alimentos acumulava 6,9%, e deve subir mais.
Mercado imobiliário: juros altos e IOF freiam compras e elevam aluguéis
Em 2024, os aluguéis residenciais subiram 13,5%, com o metro quadrado chegando a R$ 48,12 em média no país;
A compra e venda de imóveis também encareceu: o preço médio por m² no Brasil está em R$ 9.366, podendo ultrapassar R$ 13.900 em Balneário Camboriú (SC);
Financiamentos imobiliários ficam ainda menos acessíveis com Selic alta + IOF elevado — restringindo o sonho da casa própria para milhões de brasileiros.
Consequência prática: empobrecimento silencioso
O novo IOF afeta diretamente:
A saúde de quem precisa de tratamento ou diagnóstico avançado;
O trabalho de quem empreende na estética e na medicina;
A produção de alimentos e a segurança alimentar nacional;
O bolso do consumidor que aluga, compra ou apenas tenta sobreviver.
Em todos os casos, é o cidadão quem paga a conta — enquanto o Estado recolhe mais impostos sem entregar melhores serviços.
Reforma ou retrocesso?
Não se trata de ajuste fiscal, mas de reação imediatista a um desequilíbrio estrutural. É o reflexo de anos de má gestão pública, que agora cobra seu preço sobre quem mais contribui: o trabalhador, o produtor e o empreendedor brasileiro.
É preciso dizer com clareza: o aumento do IOF não corrige a crise, aprofunda a desigualdade e trava o crescimento. Enquanto o governo tributa crédito, inovação, saúde e alimento, o país anda para trás.
A elevação do IOF não é uma reforma fiscal: é um reflexo da incapacidade política de cortar privilégios, enxugar gastos e planejar com responsabilidade. Trata-se de uma solução imediatista, que transfere o ônus para quem produz e consome.
Enquanto a máquina pública continua inchada, a população — do campo à cidade, do leito ao salão, da roça à mesa — arca com os custos de uma política míope, que agrava a desigualdade e mina a confiança no futuro.
O Brasil precisa, com urgência, revisar sua política fiscal, promover segurança jurídica e valorizar quem gera riqueza, saúde, alimento e moradia. O que está em jogo não é apenas arrecadação, mas a dignidade de um país inteiro.
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